ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM 04-4-2013.

 


Aos quatro dias do mês de abril do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Any Ortiz, Cassio Trogildo, Christopher Goulart, Delegado Cleiton, Dr. Thiago, Elizandro Sabino, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Derly, Jussara Cony, Luiza Neves, Paulo Brum, Rodrigo Maroni, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Alceu Brasinha, Fernanda Melchionna, João Carlos Nedel, Lourdes Sprenger, Marcelo Sgarbossa, Mario Fraga, Mauro Pinheiro, Nereu D'Avila, Reginaldo Pujol e Valter Nagelstein. À MESA, foram encaminhados: o Projeto de Lei do Legislativo nº 067/13 (Processo nº 0852/13), de autoria do vereador Alceu Brasinha; o Projeto de Lei do Legislativo nº 046/13 (Processo nº 0724/13), de autoria do vereador Elizandro Sabino; o Projeto de Lei do Legislativo nº 076/13 (Processo nº 0947/13), de autoria do vereador João Derly; e o Projeto de Lei do Legislativo nº 054/13 (Processo nº 0794/13), de autoria da vereadora Lourdes Sprenger. Também, foram apregoados Requerimentos de autoria do vereador Dr. Thiago, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, solicitando o desarquivamento dos Projetos de Lei do Legislativo nos 196/11 e 188/12 (Processos nos 3714/11 e 2879/12, respectivamente). Após, foram apregoados os seguintes Memorandos, deferidos pelo senhor Presidente, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo: nº 031/13, de autoria do vereador Clàudio Janta, de hoje ao dia seis de abril do corrente, no 5º Seminário da Força Sindical Sobre a Faixa de Fronteira do Mercosul, no Município de Uruguaiana – RS –; nº 016/13, de autoria do vereador Paulinho Motorista, hoje, na 41ª edição do Projeto Deputado por um Dia, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Evaristo Flores da Cunha, em Porto Alegre. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 068 e 069/13, do senhor Ruben Danilo de Albuquerque Pickrodt, Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da Décima Segunda, Décima Terceira, Décima Quarta, Décima Quinta, Décima Sexta, Décima Sétima, Décima Oitava e Décima Nona Sessões Ordinárias e da Primeira Sessão Extraordinária. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor João Hermínio Marques de Carvalho e Silva, Presidente da Associação Frente Nacional dos Torcedores, que discorreu sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 202/12 (Processo nº 2664/13), que dispõe sobre o tombamento do Estádio Olímpico Monumental. Em continuidade, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Tarciso Flecha Negra, Alceu Brasinha, Alberto Kopittke, João Derly e Delegado Cleiton e a vereadora Sofia Cavedon manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, ao senhor João Hermínio Marques de Carvalho e Silva. Às quatorze horas e cinquenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinquenta e dois minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Tarciso Flecha Negra, Jussara Cony, Sofia Cavedon, Elizandro Sabino, Christopher Goulart e Valter Nagelstein. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador João Carlos Nedel, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. A seguir, foi apregoado o Ofício nº 006/13, de autoria do vereador Mario Manfro, deferido pelo senhor Presidente, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, hoje, em reunião na Secretaria Municipal de Saúde. Em COMUNICAÇÕES, pronunciou-se o vereador Dr. Thiago. Às quinze horas e quarenta e nove minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo vereador Valter Nagelstein, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Dr. Thiago, Sofia Cavedon e Paulo Brum e secretariados pela vereadora Sofia Cavedon. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. João Hermínio Marques de Carvalho e Silva, representando a Associação Frente Nacional dos Torcedores, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar de assunto relativo ao tombamento do Estádio Olímpico, questão ligada ao setor “Geral” na Arena e elitização do futebol.

               

O SR. JOÃO HERMÍNIO MARQUES DE CARVALHO E SILVA: Boa-tarde ao povo que está presente nas galerias da Câmara Municipal de Porto Alegre, boa-tarde aos demais Vereadores, sou Presidente da Frente Nacional dos Torcedores, movimento social que luta por um futebol justo, democrático e popular. A Frente Nacional dos Torcedores luta pelo futebol do povo contra o nefasto processo de elitização no futebol. Também luta pela democracia popular na organização do esporte contra a corrupção flagrante dos cartolas ditadores. No Rio Grande do Sul estamos lutando pela sobrevivência do futebol gaúcho em sua essência, estamos lutando pela sobrevivência do futebol gaúcho, porque, infelizmente, existem dirigentes e pseudocronistas esportivos provincianos que estão defendendo esse novo modelo excludente de futebol aqui no Rio Grande do Sul. Inclusive muitos desses que defendem estão abertamente numa espécie de “bolsa empreiteiras e empresários”. Aliás, ter a infelicidade de ver esse comércio na mídia esportiva somente aumenta o meu desejo pessoal de ver um dia uma Ley de Medios nacional, democratizando a comunicação e regulando a grande imprensa. O Gauchão possui a pior média de público dentre os principais estaduais. A pior média! Um Estado como o Rio Grande do Sul, expoente de força futebolística nacional, dono de um futebol do Interior forte, um Estado que abriga dois clubes campeões continentais e do mundo, não pode ter a pior média de público dentre os principais campeonatos estaduais brasileiros. Erroneamente, o atual Presidente da Federação Gaúcha de Futebol disse que a culpa não é do preço dos ingressos. A gente não sabe se ele disse isso em tom de ironia, contudo acreditamos que tenha sido, pois achar que cobrar R$ 40,00 em um jogo durante a semana, que termina tarde, obrigando o torcedor, ora estudante ou trabalhador, a chegar em casa de madrugada, após gastar dinheiro com a segunda passagem de ônibus mais cara do País, isso se tiver ônibus circulando no final da partida... Bem, é de uma insanidade mental acreditar que R$ 40,00 seja um preço popular e razoável, diante do pacote de horrores que os torcedores acabam adquirindo nesse Gauchão: partidas insossas e equipes, lamentavelmente, desqualificadas. E a culpa não é dos jogadores; a culpa é desse modelo falido de estaduais. É preciso repensar os estaduais, é preciso um novo modelo que contemple tanto o futebol do interior quanto a movimentação da rivalidade de dupla Gre-Nal. Estamos estudando uma proposta e vamos apresentar. Inclusive seria muito importante que o Governo do Estado ajudasse nesse sentido, porque o futebol é o motor socioeconômico, podendo agitar toda a sociedade de uma cidade ou de uma região. Se tivéssemos um futebol forte em todo o Interior, com uma Federação mais limpa, com democracia popular nos clubes e com interiorização das políticas sociais, indubitavelmente teríamos um cenário mais produtivo e cultural no Interior Gaúcho. Infelizmente, hoje, o futebol do Interior, na maioria das vezes, serve como a manutenção das oligarquias locais, propagandas eleitorais de candidatos sujos nessa conjuntura de uma Federação que não tem habilidade para resolver.

Agora, sobre os valores exorbitantes e totalmente fora da conjuntura social do povo gaúcho, não há diálogo contraditório, não há argumento que banque essa elitização flagrante que já é percebida dentro dos estádios no preço dos lanches. O nosso movimento já buscou o diálogo com o Procon para acionar judicialmente, em caso de aumentos abusivos e ilegais dos valores dos ingressos. A Federação Gaúcha de Futebol já foi até notificada. Durante as fases finais dos campeonatos, não se pode aumentar abusivamente o valor dos ingressos. E continuaremos tentando convencer esses seres de que o aumento dos ingressos, nesse valor, não vai levar a nada, além da falência dos campeonatos estaduais. Não se trata apenas de uma questão ideológica, virou algo irracional. Em recente estudo realizado pela Pluri Consultoria, confirmou-se que os ingressos do futebol brasileiro aumentaram numa brutal proporção de 300%, enquanto o salário mínimo só aumentou em 183% desde 2003. Até a capitalista lei de oferta e demanda foi revogada, virou uma bagunça a enriquecer meia dúzia de engravatados que nunca chutaram uma bola, que nunca sentiram a emoção de pisar em uma arquibancada. O argumento contrário ao futebol do povo de que o futebol é um negócio, que não se deve discutir paixão, mas cifras, bem esse argumento é falho, a partir de que a gente entende que negócios também podem falir. E essa fuga do povo contra os estaduais é a primeira demonstração disso, depois se tem que quem sustenta esses argumentos desconhece a importância, a significância do futebol na população brasileira. O futebol no Brasil é cultura popular, não é teatro, é festa do povo, é pão, é água, é de uma inerência, por excelência, à natureza genética do brasileiro. Futebol é identidade nacional. O brasileiro é inacreditavelmente capaz de economizar em alimentos e andar a pé em cidades como Porto Alegre, onde o transporte é demasiadamente caro, mas não é capaz de deixar de ver o time de coração. Somos, sim, com muito orgulho e amor, uma Pátria de chuteiras, o que não impede que o futebol seja combativo e de transformação social, como o Sócrates fez, como o Afonsinho fez, como João Saldanha fez, e como nós, humildemente, estamos tentando fazer. De maneira triste, o esporte da bola aos pés segue sendo organizado no Brasil pela face mais suja da política nacional, por gente parasitária que cola em governos como carrapatos em busca de incentivos fiscais e amparos institucionais. Hoje temos como chefe do futebol brasileiro o jovem integralista, o Deputado Estadual da Arena, o Governador biônico Malufista, o temerário José Maria Marin, atualmente Presidente da CBF. Quando foi Deputado Estadual pela Arena em São Paulo, ele defendeu, em plenário, a repressão ao jornalismo questionador da TV Cultura. Semanas depois, o jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, foi encontrado morto nos porões da ditadura. Um ano depois disso, ele foi ao mesmo plenário elogiar o delegado Sérgio Paranhos Fleury, então braço da tortura militar. E, hoje, diante da insustentabilidade de convivência respeitosa com esse ser humano que o nosso Movimento, capitaneado pelo abaixo-assinado de mais 60 mil assinaturas, por Ivo Herzog, vem pedir a saída imediata do comando da CBF, da organização da Copa do Mundo, de José Maria Marin. Embora Marin negue qualquer envolvimento com a ditadura e com o caso Vlado, as transcrições dos discursos dele, enquanto Deputado da Arena, Partido de sustentação do regime militar, certamente demonstra uma relação promíscua com a censura e a tortura. Assim como a maior organização de comunicação do País e a editora Primeiro de Abril mantiveram, mas cada um a sua hora. A hora agora é do Marin. Afinal, se o Governo da Presidente Dilma, que foi presa e torturada durante o regime militar, não está conseguindo buscar a Justiça e a memória, apenas a verdade. Nós, o povo, devemos fazer a Justiça, execrando plenamente essas personalidades tenebrosas, que, após a conquista democrática, seguem parasitando no gravitacional do poder.

Para a Frente Nacional dos Torcedores, a queda do Marin é muito mais do que uma simplória troca de nomes no comando da CBF, é muito mais que a saída de um homem ligado à ditadura militar, o que por si é execrável, é como se a Copa de 2006 na Alemanha fosse realizada, organizada por alguém ligada ao nazismo. Mas, para a nossa gente de arquibancada, derrubar Marin, vulgo Zé Medalha – e as imagens não deixam que a gente minta –, é a mesma forma como foi o processo de derrubada de Ricardo Teixeira, é mais do que uma troca de figurinhas; para nós é a concretização de um contínuo desgaste do privatismo nebuloso da CBF, é um fator a seguir no processo de derrocada do sistema feudal e oligárquico do futebol brasileiro, bem como do esporte nacional.

Zé Medalha, vulgo Marin, não possui legitimidade representativa, nem mesmo envergadura política, para ser o responsável pela organização do futebol brasileiro e pela Copa Mundo de 2014. Ele foi eleito por ser o mais velho, resultado de um sistema feudal e oligárquico que garante aos privilegiados, por acordos escusos e negociatas, o direito do poder sobre aquilo que é do povo, pois o futebol não é deles, o futebol é do povo! A CBF não é deles, a CBF é do Brasil! Eles usam a nossa mão de obra, os nossos jogadores, o nosso hino nacional, nossa bandeira, vendem camisas com as nossas cores. Nenhum brasileiro torce pela CBF; o brasileiro torce pela Seleção. Inclusive, diante de tanta falcatrua, o brasileiro está perdendo o gosto pela Seleção. O argumento da “confederação brasileira de falcatruas”, de que eles são privados, perde-se e torna-se insustentável diante da exposição simples de que a CBF é do Brasil por usar símbolos pátrios, de que o futebol é brasileiro. Isso é uma verdade inexorável. O futebol é do povo brasileiro. Lutamos pela regulamentação desportiva, pela aprovação da PEC 202, para que a organização do esporte siga os ditames sociais públicos, como a democratização, a moralização, a transparência, a popularização, a justiça e o espírito educacional. É preciso derrubar Marin, aprovar a PEC, já apelidada de PEC Dr. Sócrates, é necessário que o Estado passe a regular a organização do esporte, passe a cobrar diretrizes sociais naquilo que ele tanto fomenta, tanto subsidia. Quem é que está bancando as obras da Copa? O Estado. E o lucro será de quem? Cadê o legado social? A Copa tem que ser nossa, tem que ser do povo, não deles. Válido frisar que o Estado não depende da aprovação da PEC para regular o esporte; o Estado deve e já tem que começar a regulação. Torcedores, qualquer problema relativo ao direito de torcer, podem nos procurar. Lutamos pelo exercício livre do direito de torcer. Lutamos para que a Arena do Grêmio e o Beira-Rio, por exemplo, não sejam teatros de higiene social, para que o povo permaneça nesses estádios, resistindo culturalmente e pagando ingressos verdadeiramente populares. Vamos lutar igualmente para que o Projeto do Ver. Mauro Pinheiro, que será votado no dia 17 de abril, seja aprovado para acabar com os jogos “sobremesa de novela”. Vamos lutar para que o Projeto do Ver. Alberto Kopittke seja aprovado, permitindo a cultura torcedora e espaço sem cadeiras nos estádios. E, para que a paz reine nos estádios, sem abuso policial, sem violência entre as torcidas, do mesmo modo, vamos lutar contra esse Projeto retrógrado, que visa a acabar com o direito à meia-entrada dos estudantes, que é um direito popular do torcedor. E é só lutar com força que nós venceremos, faz parte do processo. Temos que derrubar Marin, temos que varrer esses caras parasitários do futebol nacional, para, aí, derrubando, no efeito dominó, os demais dirigentes das outras federações e confederações. O Brasil não respira, o Brasil transpira, o Brasil ama o esporte. O esporte tem uma enorme relevância na unidade nacional. O futebol deve ser instrumento de mudanças e lutas sociais. É nisto que acreditamos. É na linha de frente de João Saldanha, de Sócrates, de Afonsinho e tantos outros torcedores e jogadores camaradas que estamos na luta por um futebol justo, democrático e popular. Não temos medo do futuro, pois o futuro nos pertence. Quem manda e quem sustenta o futebol é o torcedor. Ou eles vão sair por bem ou por mal. Vamos ocupar as ruas e exigir a saída de Marin, vamos vencer a guerra contra a elitização e corrupção no futebol, ao mesmo tempo em que a conscientização torcedora desmistificará a exacerbação acéfala da rivalidade, objetivando um tempo de paz, festa e luta social nos estádios, das ruas com as torcidas. Essa é a gloriosa, essa é a Frente Nacional dos Torcedores. Não diga para mim nem para nossa gente que nossa luta é impossível, pois já estamos fazendo o impossível: o Teixeira já caiu! Nós venceremos, doa a quem doer, sofra quem tiver que sofrer. Pode demorar, porém o Dr. Sócrates e tantos outros serão honrados por essa vitória. Passará, por esses gramados, o futebol justo, democrático e popular. Vamos virar mais uma página infeliz da nossa história! E, apesar de você, José Maria Marin, amanhã será outro dia para o futebol brasileiro! Um outro futebol é possível. Fora, Marin! Regulamentação esportiva já! Até à vitória, sempre! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Sr. João Hermínio Marques de Carvalho e Silva, Presidente da Associação da Frente Nacional dos Torcedores.

O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Obrigado, Presidente. João Hermínio, quero dar os parabéns pelas tuas palavras. Não sei se tu chegaste a ver o Romário, o “baixinho”, que está em uma luta incrível contra todo tipo de corrupção no futebol. Que pena – não que eu seja aquele cara saudosista –, que lástima que o futebol não seja aquele futebol, principalmente em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde eu permaneci 13 anos no Grêmio. Semana de Gre-Nal, os edifícios enfeitados com suas bandeiras do Inter, do Grêmio - era aquela maravilha, era o futebol do povo. Dentro do campo ainda, falando para os teus amigos que estão lá em cima, gremistas e colorados, o futebol continua sendo para o povo, porque só joga lá dentro quem sabe; não é médico, é quem sabe. Infelizmente, o preço das arquibancadas está ficando caríssimo. Está sendo um futebol de negócios, assim como tu disseste. Eu acho que chegou o grande momento de a torcida começar um grande movimento, que pode começar com os Vereadores, até chegar a Brasília, para que escutem uma voz só, pedindo pelo futebol! Porque, se faz isso em São Paulo, todo mundo chama a torcida do Corinthians de louca. Para mim, algumas vezes, é uma loucura, mas, muitas vezes, é uma briga pelo direito que eles têm de um ingresso barato, da passagem de ônibus barata, para que eles possam ter o lazer de assistir ao seu clube do coração. Então, chegou o grande momento. Eu fico muito grato por isso! Eu sonhava em ver esse torcedor, não importa como, mas junto por um mesmo ideal, que é o futebol do povo! Futebol do povo, e não o futebol dos que têm mais dinheiro. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente Thiago; Presidente João Hermínio, para nós é uma grande alegria quando tu apareces aqui para nos defender, porque eu também sou um torcedor que acompanha o Grêmio. Na minha família, eu sou o único gremista, tenho onze irmãos colorados. Eu costumava dizer que era o único inteligente, que sabia torcer, torcer pelo Grêmio. Eu acho uma exorbitância pagar uma entrada desse valor num campeonato gaúcho - acho muito caro mesmo, inclusive na Libertadores também. Nós temos que buscar uma alternativa para que as pessoas respeitem mais o torcedor. Eu quero te dar os parabéns pela tua atitude de vir aqui e falar, pois é assim que começam os grandes movimentos. Tenho certeza absoluta de que alguém vai ouvir a tua voz. Tenho certeza absoluta de que vai começar a andar desde o dia em que estiveram aqui junto com o Ver. Alberto. Também estivemos naquela audiência na Arena. Amanhã, dia 5, vai ser liberado. Não vão colocar cadeiras, só haverá barras de contenção. Isso dará muito mais alegria à torcida da Geral que canta junto nas partidas do Grêmio. Eu acho que estão todos de parabéns. Quero dizer para o Alberto que pode ter certeza de que a Bancada do PTB - composta pelo nosso Líder, Ver. Cassio Trogildo, pelo Ver. Paulo Brum e pelo Ver. Elizandro Sabino - está dando os parabéns para o senhor que veio trazer essas palavras ao torcedor.

Eu sou gremista mesmo, não torço muito pela Seleção Brasileira; eu só cuido do meu time, o Grêmio, porque sou apaixonado por ele. Costumo dizer que ali é a igreja que eu frequento. Dá-lhe, Grêmio! Se Deus quiser, seremos campeões da Libertadores este ano! Viva o Grêmio!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALBERTO KOPITTKE: Sr. Presidente, boa-tarde a todos os colegas, João Hermínio, quero trazer a saudação da Bancada do Partido dos Trabalhadores, colega Sofia Cavedon, colega Mauro Pinheiro, Ver. Sgarbossa, Ver. Comassetto. Nós saudamos esse movimento social da juventude, um movimento social novo que o País tem conhecido e que foi responsável, com muita coragem, pela derrubada do ex-presidente da CBF, manifestando-se em todos os estádios do Brasil contra um modelo falido e equivocado de gestão do futebol brasileiro. E vocês, com muita coragem, se manifestaram enfrentando a repressão, muitas vezes, das próprias polícias militares.

Aqui no Rio Grande do Sul esse é um tema muito atual. Estamos vendo, com a chegada da Copa do Mundo – bem-vinda a Copa do Mundo –, mas alguns aproveitadores do evento querem elitizar e fechar os estádios do nosso Estado para apenas uma classe social. O povo, que efetivamente construiu os times do nosso Estado, que construiu o esporte, não poderá assisti-lo. Pela TV já não pode assistir, porque é paga; agora, não poderá entrar nos estádios com essa proibição e elitização, como uma criminalização da juventude. Alguns têm a ideia de que quando há jovens cantando, se manifestando é sinal de baderna. Não! É sinal de alegria e de uma sociedade saudável. Por isso esse tema é tão importante de ser defendido. Trago os meus cumprimentos a vocês, e também a essa luta junto com o Deputado Romário, que apresentou essa Moção em nome da sociedade brasileira, juntamente com o filho do Herzog, para que o Marin saia da CBF. Não pode a entidade maior de futebol brasileiro ser liderada por um representante da tortura do nosso País e por um modelo que apenas visa ao lucro e não à qualidade do futebol que todos nós queremos. Então, os meus cumprimentos a vocês, muita força e fora Marin!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. João Derly está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO DERLY: Boa-tarde, Sr. Presidente; Sr. João, Presidente da Frente Nacional dos Torcedores, tive o prazer de te conhecer na Reunião da CECE. Quero parabenizá-lo pela iniciativa de ter vindo aqui, lutando pelos ideais. Falo em nome da Ver.ª Jussara Cony e do Ver. Rodrigo Maroni, Bancada do PCdoB. Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar o Sport Club Internacional que hoje completa 104 anos e tem representado tão bem a nossa Cidade, juntamente com o Grêmio, time do coração do Brasinha.

Sr. João Hermínio Marques de Carvalho e Silva, Presidente da Associação Frente Nacional dos Torcedores, tive o prazer de conhecê-lo na Reunião da CECE; meus cumprimentos por essa iniciativa de lutar pelos ideais.

Em relação à questão da meia-entrada, tivemos uma discussão na CECE sobre como isso ocorrerá durante a Copa do Mundo. Esse assunto já está tramitando em algumas Comissões. Conversava há pouco com a Presidente da Comissão, Ver.ª Sofia Cavedon; gostaríamos de deixar registrado que este Projeto - sobre cortar a meia-entrada dos estudantes na Copa de Mundo - também tramitasse na nossa Comissão. Estaremos chamando uma audiência pública para maiores esclarecimentos sobre a privação dos estudantes de terem a oportunidade de assistir aos jogos da Copa do Mundo.

Falaste muito bem, João, a Copa do Mundo tem que ser nossa. Os jovens têm de ter a oportunidade de ir aos estádios. Há leis que já existem no nosso País, para que eles tenham também a oportunidade de vivenciar momentos maravilhosos como serão os dos jogos dessa Copa. Então, quero te convidar a te somares a essa luta para que possamos conquistar esse benefício, para que esse benefício permaneça; que nós vençamos e derrubemos esse Projeto aqui dentro da Casa. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

O SR. DELEGADO CLEITON: Sr. João Hermínio, em nome da Bancada do PDT, eu gostaria de parabenizá-lo pelo pontapé inicial de um movimento. Fico muito feliz que um jovem venha fazer esse pronunciamento. O futebol é do povo e assim deve permanecer. O futebol é a arte que iguala as pessoas. Hoje não vejo muitos campinhos de futebol, mas, na minha juventude, era o momento em que nos igualávamos. O pobre ia jogar com o burguês de forma igual. Então, o futebol deve ser realmente trazido para a gestão do povo. Eu parabenizo o senhor e quero dizer que somos a favor dessa Moção encaminhada pelo amigo. Um abraço! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, pela oposição.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Vereador-Presidente, quero cumprimentar aqui a luta dos torcedores do Brasil que nos surpreendeu. Eu acho que já tinha uma vida mais intensa no centro do País; agora, com a presença do João aqui no Rio Grande do Sul, num momento cheio de conflitos, num momento de transição das duas torcidas, mas, em especial, do time do Grêmio para um espaço novo, aparece claramente a elitização do futebol brasileiro. Tu usaste palavras bastante duras, mas nós assinamos embaixo. Todos no País sabem dos problemas sérios de corrupção, de usurpação dessa paixão brasileira para negócios: o futebol. Mas eu acho que tem uma dimensão muito grave porque o futebol é dos esportes o mais acessível à população pobre, é o mais simples de praticar: num campinho, na rua, aqui e ali. Quando chega na hora do talento, da elite, do profissionalismo, há uma apropriação que impede o jovem pobre, impede o jovem, o estudante porque, via de regra, o estudante não tem grana em quase nenhuma classe social. Isso impede de ele viver essa produção que é da população brasileira, que é da juventude. Mais do que isso: a criminalização das torcidas de forma geral; a generalização - trocando a frase - de alguns atos para todo torcedor é uma questão que nós temos que impedir, que temos que nos opor. E, principalmente, na minha avaliação, a seriedade com que nós tratamos o acolhimento ao torcedor, que é a razão de existir dos times.

Tu falaste aqui na redução das torcidas, na elitização. A maior riqueza dos clubes é a sua torcida, é a paixão, é a juventude. Esta lógica centrada no supernegócio, nos supersalários é uma distorção absurda do direito de torcer, do direito de praticar esporte, no futebol em especial. A Bancada de oposição tem levantado muitos aspectos do debate que tu trazes aqui, seja do interesse público, seja do respeito ao torcedor, seja do respeito às nossas grandes torcidas. Nós nos somamos e, hoje à noite, estaremos aqui abrindo espaço para esse debate sobre o tema específico da “Geral” da Arena - chamamos os órgãos responsáveis. Queremos que esta Casa continue mediando para que a gente supere todos os problemas que acabam colocando em risco, muitas vezes, a vida dos torcedores, discriminando-os, e que, de fato, faça com que o futebol continue sendo da forma como ele é chamado: um esporte popular. Hoje ele serve apenas para viabilizar grandes negócios. Não queremos isso. Parabéns pela tua luta. Conta com a Bancada de oposição desta Casa. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Ver.ª Sofia Cavedon. Caro João Hermínio, em nome da Casa, quero te dizer que ela está aberta a quaisquer manifestações democráticas que expressem opiniões, ideias e que sejam da forma como tu aqui procedeste: respeitosamente, sem violência, guardada a segurança. Esta Casa está aberta a todo tipo de manifestação. Quero te dizer que, pessoalmente, nos solidarizamos com a tua causa, com a causa dos torcedores, porque nós somos, antes de tudo, torcedores. O futebol permeia as nossas relações, a nossa história. No Brasil, ele se transforma, sobretudo, numa manifestação cultural antes de desportiva. Temos o João Derly, medalhista olímpico e o Ver. Tarciso Flecha Negra, jogador profissional. A manifestação do futebol é uma manifestação cultural. Assim, Kopittke, ela tem que ser respeitada. Então, João, tu podes ter certeza de que tens o apoio amplo de todas as Bancadas desta Casa para seguir essa luta que é uma luta de todos nós. O Sr. João Hermínio está com a palavra para as últimas considerações.

 

O SR. JOÃO HERMÍNIO MARQUES DE CARVALHO E SILVA: Agradeço aos Vereadores Tarciso Flecha Negra, Brasinha, Alberto - a Bancada do PT -, Ver.ª Sofia, Delegado Cleiton e João Derly pelas palavras. Acredito e espero amparo e apoio aos projetos que pretendemos que sejam aprovados aqui nesta Casa, como, por exemplo, o Projeto do Ver. Mauro Pinheiro, que é muito importante. Acabar com o jogo “sobremesa de novela” é reduzir a violência nos estádios e aumentar o público nos estádios. O jogo que começa às 10h e termina à meia-noite prejudica e muito o público ao ir e, especialmente, ao sair do estádio. Então, botar um limite, um termo final nesses jogos é demasiadamente importante. A gente espera contar com o apoio das Bancadas que se manifestaram para a aprovação desse Projeto. A Ver.ª Sofia lembrou que hoje, às 19h, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte – CECE, teremos uma reunião pública para debater o setor “Geral” da Arena do Grêmio. Mas, mais do que isso, para debater a segurança, cultura e esporte da Arena do Grêmio. Infelizmente, o estádio do time para o qual eu torço anda apresentando alguns problemas. Nós devemos debater isso, que deve ser público. Não devemos nos omitir sobre esse problema. Nós não queremos ficar como o Engenhão, por exemplo, lá no Rio de Janeiro, que foi interditado. No nosso movimento, por exemplo, hoje, às 19h, os gremistas vão estar aqui, e os colorados vão estar na luta contra o aumento das passagens. É muito importante que vocês compreendam que o futebol está inserido na sociedade, o futebol é reflexo social e que os torcedores estão agora buscando voz e vez; estão agora se politizando e lutando pelos seus direitos, porque quem sustenta o futebol é o torcedor. O futebol é do povo. É isso, eu só queria agradecer. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h51min.)

    

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 14h52min): Estão reabertos os trabalhos.

 

(A Ver.ª Sofia Cavedon procede à leitura das proposições encaminhadas à Mesa.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa-tarde, Sr. Presidente; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, todos que nos assistem. Não sei se cinco minutos vai dar para eu falar dessa pessoa que eu tenho como um grande ídolo. Quero dar os parabéns ao Ver. Clàudio Janta, que estava de aniversário ontem - nosso querido Janta.

Hoje eu quero falar sobre um homem nobre: Luther King. Esse homem foi um dos mais importantes líderes do movimento de direitos civis dos negros nos Estados Unidos e no mundo. Seu ativismo político teve início em 1955, quando uma mulher negra se negou a dar seu lugar num ônibus para uma mulher branca e foi presa.

Os líderes negros da cidade, coordenados por Luther King, organizaram um boicote aos ônibus para protestar contra a segregação racial em vigor no transporte. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público.

Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. Sua bandeira sempre foi levantada com uma campanha de não violência e, sim, de amor. Hoje, completa 45 anos de sua morte. O que me impressiona é que continuamos lutando pela igualdade de credo, cor e raça. Vemos isso, quando nos deparamos com mulheres negras com salários menores que o das mulheres brancas; vemos isso quando aprovamos um Projeto de Lei como o do Museu do Negro, e, apesar de sancionado, não sai do papel.

Quero terminar lendo um pedaço do famoso discurso de Luther King (Lê.): “Quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus, índios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho espírito negro: Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós [homens, humanos] somos livres afinal”.

Esse homem foi o grande na luta, Sofia, contra toda a discriminação, não só contra o negro, assim como contra os judeus, Valter Nagelstein. Esse foi, para mim, o grande ídolo de todos os negros, porque ele lutava pelo amor e pela igualdade de todos nós; lutava pelo negro, pelo povo judeu, pelo índio, por todos. Por isso ele é chamado grande ídolo do mundo, que deixa uma mensagem: “Não violência, mas, sim, amor”. Quando as nossas mãos se entrelaçarem - brancos, índios, negros, judeus -, e todos cantarem “somos livres”, aí, sim, podemos chamar este globo aqui de Terra dos humanos. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, venho a esta tribuna em tempo de Liderança do nosso Partido, em nome de nossa Bancada, Ver. João Derly, Ver. Maroni, exatamente pelo papel protagonista que esta Câmara Municipal teve em relação ao processo das últimas enchentes e ao Conduto Álvaro Chaves, porque o Sr. Prefeito Municipal recebeu, no dia de ontem, o parecer do CREA. Creio que deveremos continuar tendo esse papel protagonista pela responsabilidade mesmo que tivemos e que têm todas as Bancadas com a cidade de Porto Alegre. Dois pedidos eu já faço de início: que o nosso Presidente solicite, não ao CREA, mas ao Sr. Prefeito - porque foi a Prefeitura Municipal que solicitou o laudo, foi o Sr. Prefeito, e temos que respeitar as hierarquias -, o favor de poder encaminhar o laudo à Câmara Municipal de Porto Alegre, e que disponha este laudo à Mesa Diretora, para que possamos tomar conhecimento na íntegra e que possamos já, então, agora sim, com o laudo do CREA, conforme ficou estabelecido, chamar uma audiência pública com a participação de todos, principalmente das empresas.

Acho que é bom se dizer aqui que a principal conclusão do parecer que foi apresentado pelo CREA ao Sr. Prefeito Municipal, sobre a ruptura do conduto, é de que a chuva não foi a responsável pelo incidente. De posse do documento que aponta diversas falhas no projeto e fragilidades na execução da obra, o próprio Prefeito José Fortunati afirmou que uma empresa especializada será contratada para realizar uma análise detalhada de toda a estrutura do conduto. Isso é um momento posterior ao que aconteceu, acho que nós temos que ter muito claro o significado do laudo do CREA (Lê.): “O relatório entregue ao prefeito apresenta problemas de concepção, estruturais e hidráulicos na obra. A comissão especial apontou 15 pontos causadores do problema do ponto de vista hidráulico. Foram indicados desde concepção inadequada do sistema de atenuação de cheias, passagem da água com velocidade excessiva pelo conduto, modificações no projeto [essa é uma questão que já vínhamos discutindo aqui em vários momentos], até a adoção de propostas ‘não muito claras’ quanto à definição da obra no projeto e na construção, o que acabou não fazendo com que a obra mantivesse o papel de Conduto Forçado. [O Parecer do Coordenador da Comissão, Engenheiro Civil André Luiz Lopes Silveira, foi noticiado pela Imprensa – e naturalmente é isso mesmo –, e por isso estou solicitando que se peça ao Prefeito Municipal o laudo disposto pelo CREA.]...a chuva (mais de 60mm em menos de uma hora) foi intensa, mas ‘não é correto’ [diz o laudo] dizer que ela foi a causa da ruptura. O conduto tem capacidade hidráulica limitada. Se houver uma chuva maior [e é aqui que temos de nos deter] ou a água não entra na boca de lobo, ou não entra no conduto, pois ele está sob pressão. O excesso de chuva é refugado [isso é uma afirmação do Coordenador da Comissão]. Conforme o diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), houve, porém, uma pressão acima da capacidade de resistência do conduto. ‘Essa capacidade [segundo o IPH] estava fragilizada.’ O engenheiro destaca também que há incertezas a respeito das pressões”. [Finalizo no tempo que me resta, dizendo que essa é a questão nodal, principal.] Do ponto de vista estrutural, os seis engenheiros civis que elaboraram o parecer indicam que o uso de concreto pré-moldado no trecho afetado, para tornar a construção mais rápida [esse uso de pré-moldados em várias construções, para a rapidez das obras] ‘não conferiu a mesma capacidade estrutural ao conduto, conforme indicado no projeto original, reduzindo sua rigidez e resistência estrutural’. Falhas na execução do serviço, como ‘escavações e contenções descuidadas’, concretagem com ‘sinais aparentes de má qualidade’ e armaduras e armaduras em desacordo com o projeto foram constatadas. Para os especialistas, a existência desses problemas denota ‘deficiência de fiscalização’.”

Por fim, o Parecer contém 11 ações feitas para evitar novas ocorrências; entre elas, a inspeção técnica de todos os trechos do conduto, a realização de um estudo de avaliação hidráulica, a construção de novas galerias, a exigência de corpo profissional qualificado nas empresas contratadas para a execução da obra. Aqui eu chamo muito a atenção, porque se trata de gestão profissional de projeto público, conforme as normas da ABNT.

Então eu trago essa da nossa Bancada, e creio que nós temos que ter esse laudo para nos prepararmos, todos os Vereadores, para o chamamento da próxima audiência pública. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, senhores e senhoras, nós dedicamos o nosso tempo hoje, Ver. Mauro, Ver. Alberto, Ver. Marcelo Sgarbossa, para tratar do tema da passagem de ônibus na cidade de Porto Alegre. Não é um tema que possamos jogar para as calendas e fazer um seminário, Presidente - não que não possamos, mas não resolve a situação aguda colocada na Cidade neste momento. Nós temos uma mobilização que é fruto não só da data, pois, todo início de ano, está na pauta da juventude brasileira o debate do transporte, o debate do passe livre, o debate da meia-entrada, da meia-passagem, do acesso à escola, do acesso à cidade - porque é disso que se trata também -, de os jovens poderem circular nas cidades.

A Ver.ª Séfora um dia me confessou que estudou com transporte gratuito até a faculdade, se não me engano em Cuiabá, onde todos os jovens, de escolas públicas e privadas, do ensino básico e universidade, tinham passagem gratuita para circular na cidade, acesso aos meios culturais, acesso à educação, acesso ao primeiro emprego, ao estágio. Então, não é só uma pauta muito rica e que é do início do ano.

Nós temos outros agravantes neste ano que estão colocados na conjuntura nacional. Nós temos cidades que conseguiram reduzir o preço da passagem, nós temos cidades que congelaram o preço da passagem porque o Governo Federal está incidindo sobre isso, desonerou a folha de pagamento das empresas. E em especial aqui, em Porto Alegre, o Tribunal de Contas fez uma inspeção, e agora fez uma nova... O Ministério Público do Tribunal de Contas, o Da Camino, solicita que nove pontos novos sejam vistoriados e inspecionados pelo Tribunal de Contas na construção da tarifa, no processo e nos itens que constroem a tarifa na cidade de Porto Alegre. Nitidamente uma cautelar já determinou a retirada dos ônibus-reserva. Ora, são dois elementos fortes - a retirada dos ônibus da frota-reserva e a desoneração da folha -, que podiam e deveriam ter incidido sobre o aumento da passagem para que não acontecesse, para que congelasse. Eu não ouso dizer que talvez pudesse reduzir em Porto Alegre - não tenho esse domínio -, mas aumentar a passagem, considerando todos esses elementos, considerando a conjuntura, isso inflou, Ver. Maroni, um movimento que já era tradicional. Inflou, aumentou, deu razão, e não é hoje um movimento só de juventude. As entidades sindicais assumiram esse movimento; as entidades representativas dos trabalhadores. Há um contexto de mobilização dos rodoviários por democratização do seu sindicato.

Portanto, não é um movimento desprezível: dos movimentos sociais dos últimos 20 anos, depois das Diretas, talvez seja o que mais se expressa na cidade de Porto Alegre. É um movimento massivo, é um movimento forte, com muito conteúdo, que não se reduz à redução de R$ 0,20 na passagem.

Então eu insisto: nós não podemos tratar de forma banal, nós precisamos acompanhar esse movimento, pressionar o Governo Municipal para que reveja a sua posição em relação à passagem.

Esse movimento tem o apoio - silencioso ou não - da grande massa dos trabalhadores desta Cidade, Ver. Airto Ferronato, Líder do Governo. De todo, todos! Eu não vejo ninguém elogiando o ônibus na cidade de Porto Alegre; todos se queixam do serviço prestado pelas empresas de ônibus. Então, combinando um discutível aumento da passagem com uma queixa generalizada ao serviço prestado, temos aí um barril de pólvora. Eu insisto que o Governo Municipal continua surdo, continua sem dar a importância que tem, com tentativas até patéticas de reunir alguns estudantes que não estão sequer no movimento, para dizer que dialogou com o movimento. Não é possível que o Governo Municipal se arrisque, Ver. Valter! Esse é um risco! É um risco para a população, não em si, é um risco para aqueles jovens que estão lá. Hoje ocorrerá uma grande manifestação, e o que vamos dizer a eles nós, os adultos? O que diremos a eles para canalizar essa mobilização? Que resposta a Prefeitura está dando? Nenhuma! Absolutamente nenhuma! Então não é possível que um movimento desse tamanho, dessa envergadura, com uma pauta tão rica, tão importante e com um contexto, com elementos que a justifiquem não tenha uma resposta consistente, séria e dialogada do Executivo Municipal.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Elizandro Sabino está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELIZANDRO SABINO: Sr. Presidente, estou falando pela Liderança do PTB. Nós queremos aqui registrar, com muita alegria, a presença dos nossos amigos Daniel Zaleski, Edmilson, Marcos e Gibson.

Em nome da Bancada do PTB, queremos fazer referência à instalação da Frente Parlamentar da Criança e do Adolescente, hoje pela manhã, às 10h, no nosso Plenário Ana Terra. Queremos destacar aqui, em nome da Bancada do PTB, a nossa palavra de agradecimento a todos os Vereadores e a todas as autoridades que estiveram presentes. Eu gostaria de declinar o nome das autoridades presentes: Dra. Denise Casanova Villela, Promotora de Justiça e da Infância e da Juventude; o Sr. André Seixas, Presidente do CMDCA; o Sr. Eduardo Vilar, Coordenador-Geral dos Conselhos Tutelares; a Sra. Luziane, Presidente da Fundação de Proteção Especial; e o Jurandir Maciel, Deputado Estadual. Também estiveram conosco os Vereadores Cassio Trogildo, Paulo Brum, Idenir Cecchim e a representação do Ver. Brasinha, bem como o Ver. Paulinho Motorista, que é o nosso Vice-Presidente, estava conosco presente, evidentemente, trazendo a sua participação ativa. Quero também referir que nós tivemos a presença do Executivo, através do Secretário Adjunto da Secretaria de Governança Local, Carlos Siegle; André Severo, representante da FASE; o Ver. Christopher Goulart, representante da FASC; e o Sr. Carlos Kieling, Coordenador de Políticas da Criança e do Adolescente da Secretaria Municipal da Saúde. Portanto, hoje pela manhã, tivemos um momento muito especial e notório em que se tratou sobre a Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente. Essa manifestação, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é no sentido de tornar um marco que existe através da reinstalação da Frente Parlamentar, que já existiu e já atuou de forma efetiva neste Legislativo e que, por um período, esteve - conforme a própria fala do nosso André, Presidente do CMDCA - um pouco desativada, mas agora, em um novo momento, a Frente Parlamentar está trazendo uma participação efetiva com a defesa dos direitos da criança. Nós tivemos ali também a assinatura da Carta de Princípios da Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente, em que nós, Vereadores - eleitos para representarmos os interesses e as necessidades dos cidadãos desta Cidade e assim declina a carta na esfera Legislativa -, comprometemo-nos com o conteúdo da presente Carta de Princípios norteadora das nossas ações político-parlamentares, em face da criação da Frente Parlamentar da Criança e do Adolescente. Eu quero já destacar que, já na instalação da Frente, nós tivemos a grata satisfação, Ver. Rodrigo, de receber as proposições de temas, que nós estaremos enfrentando, Ver. Pujol, no curso dessa Frente Parlamentar. E também me trouxe grande satisfação o fato de que a Dra. Denise Casanova Villela, Promotora da 10ª Promotoria de Justiça e da Infância e da Juventude, nos apresentou um ofício. Aqui está o Ofício nº 1.881/13 (Exibe documento.), que traz sugestões ao Legislativo Municipal, para legislar em alguns temas específicos e pontuais - assim então destaco os temas -, aprimorar a legislação em questões especialmente do Conselho Tutelar, disciplinar a execução de algumas medidas. Portanto, Srs. Vereadores, nobre público que nos assiste por meio da TVCâmara, nós queremos, no dia de hoje, em nome da Bancada do PTB, Ver. Paulo Brum, Ver. Cassio Trogildo e também Ver. Alceu Brasinha, agradecer o apoio recebido por parte de todos os Vereadores da Casa, da sociedade civil organizada e também das Secretarias Municipais e Estaduais que atuam na área, no tema...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Presidente concede tempo para o término do pronunciamento.)

 

O SR. ELIZANDRO SABINO: ...da criança e do adolescente. Para concluir, Sr. Presidente, manifesto a nossa palavra de agradecimento a todos, dizendo que hoje foi um dia que é um marco para o tema defesa da criança e do adolescente. Para concluir, agradeço a todos, dizendo que o dia de hoje foi um marco para na defesa da criança e do adolescente na cidade de Porto Alegre, porque esta Frente Parlamentar – eu falava ainda ontem coma Juíza Elisa da 2ª Vara da Infância –estará atuando em busca de resultados efetivos que tragam benefícios à nossa juventude, à nossa infância na Capital. Muito obrigado a todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Christopher Belchior Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CHRISTOPHER GOULART: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, todos os que nos assistem agora, neste momento, na TVCâmara, eu, tendo o privilégio aqui de compartilhar, Ver. Rodrigo Maroni, alguns momentos ímpares nesta semana, nesta Câmara, estarei retornando, na terça-feira, para a Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC, a qual, com muita honra, represento como Vice-Presidente. Portanto, achei importante, achei pertinente aproveitar esta oportunidade para a realização de uma alusão à nossa gestão da FASC, principalmente a partir de 2008, no sentido de dar uma prestação de contas a esta Câmara e à sociedade porto-alegrense. A implementação Sistema Único de Assistência Social – SUAS, foi uma enorme conquista dessa gestão do Presidente Kevin Krieger, jovem Vereador desta Casa, que, com muita competência, vem administrando, vem gerindo a política de Assistência Social do Município de Porto Alegre com extremo potencial e diferencial. É sabido, é público e notório que a política hoje de Assistência Social tem um corpo, uma afinidade muito grande com Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no sentido de que não mais esse tipo de política seja visto como um assistencialismo, como muitos gostam e pretendem classificar, mas, sim, no sentido da inclusão social, no sentido da inclusão para o mercado produtivo daqueles cidadãos que se encontram à margem da sociedade e que devem necessariamente estar inseridos dentro do mercado de trabalho, através de políticas públicas.

Então, nesse contexto, nós organizamos, através da implementação do SUAS, o atendimento através das complexidades. É importante falar hoje que essa divisão da política social é muito bem esclarecida, através da proteção social básica, através da proteção especial de média e alta complexidade. A proteção básica diz respeito à prevenção dos direitos, ou seja, a inclusão através do Sase, através de trabalho educativo de mais de 14 mil crianças que estão no turno inverso escolar dentro dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS. Média complexidade diz respeito aos direitos violados; alta complexidade diz respeito à situação de ruptura total de vínculos familiares. Digo isso para a necessidade de esclarecimento público para a sociedade porto-alegrense. Nós tivemos, considerando essa implementação do SUAS, um aumento de 21 para 31 unidades de centros regionais e módulos da Assistência Social. Sendo hoje 22 CRAS e 9 Cress. Há uma nítida redução de crianças e adolescente em situação de risco de rua na cidade de Porto Alegre, já reconhecido, seja pela efetividade do programa Ação Rua, seja evidentemente por todo o trabalho do CRAS já colocado e mencionado. O aumento de 8.118 vagas no atendimento do turno inverso escolar - atendimento proporcionado pela FASC. Esse aumento diz respeito de 2008 até 2013. Aumento de qualificação do acolhimento institucional de crianças e adolescentes. São mais de 800 crianças que, de 2008 até agora, foram acolhidas nos acolhimentos institucionais.

A qualificação do Programa Bolsa Família na Capital, que alcança índices importantes de ressaltar: por exemplo, em 2009, no Cadastro Único havia 57.454; em 2012, foram 93.989 que foram atingidos no Cadastro Único. Assim como a própria Bolsa Família que, em 2009, eram 29 mil; hoje, são 45.420. É de fundamental importância a transversalidade entre as Secretarias do Município, uma atuação muito bem definida pelo Prefeito Fortunati, que se encarregada de maneira clara, que encarregada como prioridade ter uma qualificação da política pública, justamente através, por exemplo, da cooperação da política da Secretaria da Saúde, da cooperação da política da Educação e da própria Assistência Social, porque não há como haver uma efetividade no sentido individual, se não tivermos na conjuntura esta intersetorialidade das Secretarias.

Por fim, para mim é importante destacar o nosso contrato de gestão firmado pela FASC, implantar o Plano Municipal de Enfrentamento à Situação de Rua de adultos, que é um problema, sim, hoje na cidade de Porto Alegre, mas que o Prefeito Fortunati encara com a devida responsabilidade que o tema merece, para termos uma efetividade nessa política pública.

Talvez o mais importante que diz respeito a esta Casa, porque esse Projeto entrará aqui em julho, é o encaminhamento para esta Casa da Lei do Sistema Único de Assistência Social. Nós queremos qualificar os quadros da FASC com a criação, sim, de cargos. Mas quero dizer, Vereadores, que não são cargos de confiança, são cargos que qualificarão o quadro de trabalho; portanto, não há essa preocupação inicial. Nós queremos qualificar os servidores da FASC, dar uma estrutura, até para poder contemplar os anseios da sociedade.

Para concluir, queremos ampliar de 520 para 628 a quantidade de vagas de acolhimento institucional para adultos; ampliar em mais de 1.115 os atendimentos a crianças e adolescentes pelo serviço de fortalecimento de vínculos, atender 1.530 famílias em situação de alta vulnerabilidade. Essas são as metas que a nossa Pasta na Política de Assistência Social de Porto Alegre, da qual tenho a honra de ser o Vice-Presidente, contratou com a sociedade porto-alegrense; certamente, com a devida atenção de V. Exas., estaremos todos no restrito cumprimento dos nossos deveres legais, executivos e legislativos. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos assiste, companheiras do PMDB Mulher, que nos prestigiam hoje nas galerias da Câmara, senhoras e senhores, aqui está, à disposição de quem quiser, o Processo das Passagens do Transporte Coletivo de Porto Alegre. Aqui está, Ver. Villela, meu colega de Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul,a Ata e as assinaturas das representações da sociedade civil que fazem parte do Conselho Municipal de Trânsito: SMAM, UMESPA, Sintáxi, OP, UAMPA, STETCUPA, Fetapergs, ATL, ATP, PGM, SMOV, SMT/EPTC, Carris, SPM, Detran, BM, CREA, Metroplan e CUT.

Contra o aumento da tarifa votou a UAMPA, e a CUT se retirou. Mas, além disso, que é público, nós temos, obviamente, duas realidades. Uma, que não foge aos olhos de ninguém, é que a passagem de ônibus de Porto Alegre está cara, sim! Junto a essa realidade, e que não foge aos olhos de ninguém, é que existe, infelizmente, por força das 14 grandes obras que temos em Porto Alegre, um atraso, via de regra, nas linhas de transporte coletivo. Pessoas reclamam dizendo que antes esperavam 15 minutos e que agora esperam 30, 40, 45 minutos. Nós sabemos, nós não estamos divorciados da realidade do mundo! Muito antes pelo contrário, somos Vereadores da Cidade, temos um contato íntimo com a população e temos a obrigação de saber isso! Nós sabemos que uma família de quatro, cinco pessoas vai pegar um transporte para ir ao Centro, isso pesa quase o valor de um táxi. Não estamos divorciados dessa realidade, mas precisamos saber que essas coisas têm uma origem, talvez uma justificativa, que existem razões, e que não são razões escusas, que não são razões como no tempo da ditadura que se podiam esconder as coisas; não, são transparentes e aqui estão. Não podemos esquecer que a demagogia no passado deu origem à encampação das empresas de ônibus, que não deu certo, que logo em seguida o Governo do Sr. Olívio Dutra teve que devolver, e fruto daquilo foi o plus tarifário, quando começou a onerar a nossa passagem. Nós não podemos desconhecer que, para o preço da passagem, R$ 3,05, de fato, está apertado dentro do ônibus, os ônibus não têm ar-condicionado, as pessoas, na maioria das vezes, como não é lotação, viajam de pé, principalmente em horário de pico. Ninguém desconhece nada disso. Nós sabemos absolutamente tudo isso e não somos insensíveis, e, mais do que isso, acho que a Câmara precisa se debruçar sobre essa questão urgentemente. Então, para além da demagogia, o processo está aqui, Ver. Villela, está conosco lá na Comissão e está à disposição de qualquer Vereador que não queira fazer demagogia. Isso é uma coisa.

A outra coisa é o seguinte: dizer que todo o Vereador que não concorda com aquele vandalismo na frente da Prefeitura é reacionário, é de direita, é ditador ou não gosta da democracia. Nós, do PMDB, temos o cheiro da democracia impregnado no nosso DNA. Cheguei em Porto Alegre com 14 anos e lembro do Paço Municipal, onde participei do comício das Diretas; pouco depois, com 22 anos, eu era um cara-pintada. Agora, participar desses movimentos...

É com alegria que eu vejo dois, três, quatro, cinco mil jovens tomando as ruas. A cidadania de novo efervescente! Quem pode ser contra isso? Nós, que somos de uma Casa Parlamentar e estamos ungidos com o voto do povo, como podemos ser contra isso? É claro que não. Nós queremos, nós vibramos quando vemos isso. Somos contra as pessoas pegarem um pedaço de pau ou um bodoque e mirarem em quem está dentro da Prefeitura, porque pode pegar num trabalhador da Guarda Municipal, como eu vi, e de repente ferir o olho do trabalhador com uma bolinha de gude, pode pegar um trabalhador que está trabalhando dentro da Prefeitura, quebrar uma vidraça e ferir uma pessoa, como várias foram feridas.

Então, isso não tem nada a ver com democracia, nem com ser de direita, nem com ser de esquerda, porque direita e esquerda são valores que não têm a ver com isso. Estamos tratando aqui de liberalidade ou libertinagem e liberdade, que são coisas diferentes. Autoritarismo e autoridade também são coisas diferentes. Então, de novo, quero dizer, como Vereador do PMDB, deste Partido que está comprometido e impregnado de democracia, e como Presidente da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul, onde está o processo, que nós não temos medo, e, mais do que isso, Ver. Cecchim, queremos discutir essas questões. Queremos revisar a questão, por exemplo, das gratuidades sem tentar mexer em direito de ninguém, mas compreendendo que, se uns não pagam, outros - que estão andando - pagam. Então, são questões complexas.

Saudamos esse movimento de rua, essa efervescência. Quem faz política como nós vibra com isso, quando vê os jovens e a cidadania se manifestando. Isso é uma coisa; outra coisa é a exploração por certos movimentos que não são amantes da democracia. Isso é verdadeiro! Dizer isso não é ser contra o movimento nem a favor das empresas de ônibus; é dizer que existem marcos na democracia: marcos de civilidade, marcos legais, instituições. Fora da institucionalidade não há caminho! Nós lutamos tanto para ter a anistia, nós lutamos tanto para ter o voto direto, nós somos adolescentes nesse processo de resgate da cidadania, não podemos botar isso a perder! E falar a respeito dessas coisas, de novo – e há que se repetir à exaustão –, não é ser a favor da direita, não é ser a favor da repressão, do cassetete ou do que quer que seja; é ser, sim, responsável por toda essa luta histórica que nós tivemos e pelo fato de nós, hoje, estarmos aqui, com liberdade, falando numa tribuna, representando as pessoas, Vereadores dos mais diferentes matizes.

Concluindo, Sr. Presidente, eu acho que para além dessa discussão, que às vezes descamba para o simplismo, que às vezes cai para o lado da demagogia, nós precisamos ser absolutamente responsáveis e conscientes de que o valor mais alto que nós precisamos preservar é o valor da democracia, da liberdade. Liberdade implica em dizer que todos têm o mesmo direito.

No dia em que eu avanço nesse direito, que eu tranco uma rua, que eu depredo um bem público, eu estou saindo da seara do meu direito e invadindo o direito do próximo, invadindo o direito de todos e, mais do que isso, eu estou ferindo de morte a democracia, que é o valor maior pelo qual tanto lutamos! Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Solicito, em meu nome e em nome da Ver.ª Jussara Cony, que o Grande Expediente seja transferido para a Sessão de segunda-feira.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. João Carlos Nedel. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

Quero esclarecer, Vereadores Airto Ferronato e Valter Nagelstein, que este Vereador recebeu a demanda de duas centrais de estudantes no sentido de discutir e utilizar o espaço desta Casa para a discussão das isenções. Franqueamos essas discussões de isenções de tarifas de ônibus nesta Casa, desde de que sejam movimentos ordeiros, que prezem e zelem pela segurança. Então, vamos ter essas discussões das isenções com a participação dos Vereadores, do Executivo e das centrais estudantis que se comportarem dessa forma, aqui nesta Casa, provavelmente, nas próximas semanas.

O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder. (Desiste.)

Apregoo o Ofício nº 006/2013, de autoria do Ver. Mario Manfro, que solicita representar esta Casa no dia de hoje, a partir das 14h, na sede da Secretaria Municipal da Saúde. O assunto a ser tratado é sobre políticas públicas relacionadas à saúde bucal da população.

Temos que fazer um regramento sobre essa matéria; certamente o faremos a partir da semana que vem.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Solicito que a Ver.ª Sofia Cavedon assuma a presidência dos trabalhos.

 

(A Ver.ª Sofia Cavedon assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. THIAGO: Obrigado, Ver.ª Sofia Cavedon, quero aqui fazer alguns registros e convidar os colegas e a população de Porto Alegre a fazer algumas reflexões. Quero mencionar a reunião que tivemos hoje, uma reunião muito importante, lá na EPTC. O Ver. Marcelo Sgarbossa, a Ver.ª Luiza Neves, o Ver. João Carlos Nedel e o Ver. Waldir Canal estavam presentes – o conjunto de Vereadores foi convidado. Na ocasião, a EPTC colocou, de forma transparente, de forma global, de forma bastante salutar, as suas metas para este ano do 2013, com a iniciativa do Secretário Vanderlei Cappellari, inclusive, com o intuito de, efetivamente, poder ser cobrado e auxiliado pelo Legislativo Municipal. Então, gostaríamos de destacar a questão vinculada ao transporte hidroviário de Porto Alegre, a provável instalação de duas linhas: uma ligando o Centro ao BarraShoppingSul; outra ligando o Centro às Ilhas, no próximo semestre, até o final deste semestre e início do próximo semestre. Realmente, a partir desta medida, a cidade de Porto Alegre começa a se colocar novamente de frente para o rio, começa a passar a ter uma outra relação com o rio Guaíba. Isso, sem dúvida alguma, é muito importante economicamente para essas regiões da Cidade, muito importante para o desenvolvimento de todos os porto-alegrenses. Foram 17 medidas elencadas pelo Secretário Cappellari. Eu só citei uma. Está lá, o Ver. Marcelo Sgarbossa pôde ter contato - a questão da ciclovia; está lá colocada a discussão do metrô; está lá a licitação do transporte rodoviário, do transporte por ônibus da Cidade. Sem dúvida alguma, elas vão auxiliar nesse processo, cada vez maior, de transparência. Inclusive o Secretário Cappellari solicitou que os processos licitatórios das concessões de empresas de ônibus possam ser feitos nesta Casa, o que foi aceito de pronto. Então, quero deixar claro. Vamos disponibilizar o conjunto dos 36 Vereadores essas metas colocadas pela EPTC, para que a gente possa ser realmente partícipe e ajudar nesse processo.

No tempo que me resta, o segundo aspecto que eu queria discutir profundamente é um projeto colocado por nós nesta Casa, para o qual eu espero ter a colaboração, a ajuda, a construção coletiva, o apoio dos 35 colegas. É um Projeto que versa sobre a internação compulsória do usuário de crack. Nós estamos num período em que efetivamente precisamos ajudar essas pessoas. Essas pessoas precisam ser ajudadas. Nós construímos uma legislação, no final do ano passado – foi aprovada por esta Casa e foi sancionada pelo Prefeito –, de combate à drogadição num Centro Integrado de Combate à Drogadição, que possa tratar a questão da drogadição de forma transversal e mutidisciplinar, englobando as diversas Secretarias, formando uma rede necessária para ser eficaz nesse combate. Nós precisamos de um instrumento, nós precisamos de um instituto para dar às famílias e aos profissionais de Saúde, aos médicos a possibilidade de internar este doente quando ele necessita, e não burocratizar esse processo. Muitas vezes, o usuário de crack não tem condições, tecnicamente falando, de decidir o que é melhor para ele ou o que é melhor para a sua família e acaba colocando a sua vida e a vida da sua família em risco. Por isso nós precisamos, na ótica deste Vereador, de um instituto para poder efetivamente fazer isso, desburocratizar esse processo e evitar que mais e mais se judicialize a Saúde. Em nome disso, informo que, no dia 11, vamos ter o comparecimento...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Presidente concede tempo para o término do pronunciamento.)

 

O SR. DR. THIAGO: ...do Deputado Federal Osmar Terra - autor de uma lei federal -, do Ministério Público, do Judiciário e da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, a qual quer nos ajudar a construir esse processo. Não é um projeto pronto e acabado. Ontem discutimos esse processo com o Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas – Comad; não é um processo pronto e acabado, mas, sem dúvida nenhuma, quer dar a possibilidade de a gente poder desburocratizar, desjudicializar as ações que visam a proteger o paciente, o usuário do crack, a família, a sociedade, dando a possibilidade a ele de um tratamento.

O que acontece hoje? Hoje o médico, o profissional de Saúde no posto de saúde encaminha esse paciente até a emergência psiquiátrica. E lá, como não tem posse de um instituto capaz de fazer isso, os profissionais de Saúde não se sentem respaldados para internar esse paciente e, quase que invariavelmente, encaminham esse doente à Defensoria Pública. A Defensoria Pública tem dito que só mediante – segundo alguns – processo de interdição, que leva três, quatro meses e que estigmatiza mais o paciente, vai internar judicialmente esse paciente. Então, nós precisamos desburocratizar e oferecer um mecanismo alternativo para que essas pessoas possam, efetivamente, ter o tratamento. Essa é a nossa proposta. Convidamos também todos a participar da visita que faremos à Secretaria Especial dos Direitos Animais semana que vem. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN (Requerimento): Sra. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

(O Ver. Dr. Thiago reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Solicito abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Valter Nagesltein. (Pausa.) (Após o fechamento do painel eletrônico.) Dez Vereadores presentes. Não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h49min.)

 

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